Opinião

António Carlos, pároco em Bragança

"Não é correcto falar em casamento entre duas pessoas do mesmo sexo"

O Catecismo da Igreja Católica no n.º 2358, afirma que os actos homossexuais são contrários à lei natural, embora reconheça que existe um número, “não desprezível”, de pessoas homossexuais que não escolheram esta sua condição, pelo contrário, enfrentam uma dura prova e, por isso, aconselha o acolhimento e o respeito, sem discriminação injusta para com a pessoa homossexual. Mais, estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus e se são cristãs são também chamadas a unir ao sacrifício da cruz, as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.
Assistimos, assim, à discussão de um fenómeno moral e socialmente preocupante – o reconhecimento legal das uniões homossexuais – que, nalguns casos, esta prática reclama, também, a adopção de crianças. Eu afirmo, contudo, que não é correcto falar em casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. Correcto e importante, é a promoção de iniciativas que ajudem as famílias, estavelmente constituídas, a superar os problemas económicos, a promover a família, como lugar primordial de educação dos filhos. Em suma, a incrementar e favorecer medidas que destaquem a importância da família na vida social.
Não se pode usar, da mesma forma, o conceito de casamento, para um casal que não é fundado na complementaridade e no amor entre um homem e uma mulher. É necessário encontrar outras formas de ir ao encontro dos problemas e aspirações da pessoa homossexual, pois o casamento não se ajusta nem se enquadra a esta situação. Só a sexualidade vivida no casamento, entre um homem e uma mulher, constituem uma base antropológica estável da família e da sociedade, o contrário seria pôr em causa o seu equilíbrio. Esta discussão prejudica, também, a maturação de adolescentes e jovens, aumentando a sua confusão e dificultando a sua verdadeira opção. Contudo, uma consciência rectamente formada, não admite qualquer forma de discriminação ou marginalização das pessoas homossexuais. Por exemplo, se um homossexual me viesse pedir aconselhamento espiritual, e se ele fosse católico, é claro, exortá-lo-ia a intensificar a sua vida de oração e a viver intensamente a sua fé, solidificando a sua personalidade, participando activamente na vida social e cultural, preenchendo os seus tempos livres com a leitura, a arte, ou o desporto e associando-se a Cristo crucificado, para que pelo exercício da castidade, pudesse viver a sua vida de forma integrada e equilibrada. A Igreja, nesse caso, actua ao nível da formação das consciências, dos valores, e vai continuar a sua acção profética e de sensibilização, independentemente da aprovação legal.
Por isso, aos homossexuais que não escolheram a sua condição, e que enfrentam a dura prova, ofereço a minha compreensão, respeito e tolerância. Àqueles que são cristãos, se querem unir o seu sacrifício ao sacrifício da cruz, que o façam, pois Cristo tem, também, para si, um itinerário de vida e de salvação.
Não posso, no entanto, ficar indiferente à denúncia, daquilo que considero que pode aportar confusão e dificultar verdadeiras opções de vida entre adolescentes e jovens. Não posso esquecer as drásticas consequências que a união entre os homossexuais pode trazer para o enfraquecimento da família como célula-base da sociedade.
Foto recolhida do HI5, com a autorização do próprio.

Casamentos homossexuais | Universidade do Minho | Instituto de Ciências Socias | Ciências da Comunicação | Braga, 2009